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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Leucócitos


Neutrófilos

Representam 95% dos granulócitos circulantes. Essas células possuem um núcleo peculiar, formando lóbulos (geralmente três) que se unem através de uma ponte de cromatina.  As formas com mais de cinco lóbulos são consideradas hipersegmentadas, representando células envelhecidas. A forma jovem dessa célula apresenta o núcleo em forma de bastonete, sendo encontrada na medula óssea, porém, em caso de inflamação, pode ser encontrada na circulação sanguínea.
Podemos descrever três tipos de grânulos no citoplasma dos neutrófilos: grânulos específicos, azuróficos e terciários.
Os grânulos específicos são preenchidos por enzimas e agentes farmacológicos que ajudam nas suas funções antimicrobianas. Os grânulos azuróficos contêm hidrolases ácidas, mieloperoxidade, lisozimas, proteína antimicrobiana de aumento de permeabilidade (BPI). Os grânulos terciários contêm gelatinases e catepsinas, além de glicoproteínas.
Essas células reagem aos patógenos, assim sofrem marginação e saem dos vasos sanguíneos através de um processo ao qual chamamos de diapedese, assim chegando aos tecidos. Então eles liberam seus grânulos e substâncias citotóxicas quando estimulados pelos receptores FCγ por eles expressados. Quando atingem o local afetado pelo petógeno, os neutrófilos destroem os microorganismos por fagocitose ou através da liberação de enzimas.



Eosinófilos

Possuem núcleo bilobulado e em seu citoplasma há grânulos específicos e azuróficos. Essa célula tem como função fagocitar e destruir complexos de antígeno-anticorpo, mas também, mesmo sendo de forma mais lenta, podem fagocitar microorganismos. A eusinofilia, que é o aumento de eosinófilos na circulação, caracteriza pacientes portadores de alguma doença alérgica. No local de inflamação os eosinófilos liberam substancias que inaticam dois dos principais mediadores químicos da alergia, assim regulando a reação inflamatória e reduzindo a migração de granulócitos para a área afetada.
Outra função do eosinófilo envolve reação imunológica contra parasitas. As células sofrem desgranulação após ligação com IgG e IgE que envolvem o parasita.  Então os grânulos fundem-se à membrana plasmática para líber o seu conteúdo. Esse mecanismo é utilizado para destruir alvos grandes e impossíveis de serem fagocitados.


           
Basófilos

            São células carregadas de grânulos, possuindo o núcleo em forma de U ou S. Possuem IgE ligada em sua membrana através de receptores Fc de muita afinidade. Então a ligação de um alérgeno nessas moléculas de IgE na superfície do basófilo causa a desgranulação. Esse fato sugere o envolvimento dessa célula imunológica com hipersensibilidade.


Linfócitos

Essas células possuem apenas grânulos azurófilos, tendo um núcleo grande que ocupa grande parte do citoplasma. Podemos, de forma básica, classificá-las em dois tipos: linfócito T e linfócito B. Mas não é possível fazer isso apenas olhando ao microscópio por causa de sua morfologia semelhante, porém há técnicas que nos permitem discerni-los.

Linfócitos T: Representam a maioria dos linfócitos em circulação, responsáveis pela resposta imunológica celular. São capazes de diferenciar e reconhecer antígenos específicos por possuírem o receptor TCR em sua superfície. Eles reagem contra microorganismos intracelulares ou extracelulares, participam de reações de hipersensibilidade do tipo IV e interferem na atividade dos linfócitos B, macrófagos e outras células.
Os linfócitos T ainda podem ser classificados como: linfócitos T hellper (apresentam a molécula CD4 e sua superfície, participam de forma indireta na secreção de anticorpos; também estão envolvidos na ativação do macrófago e na atividade dos linfócitos), linfócito citotóxico (apresentam a molécula CD8 em sua superfície, envolvendo-se na lise de células alogeneicas presentes em órgãos transplantados de doador não compatível, lese de células tumorais e células infectadas por vírus ou outro parasita) e linfócito supressor (mantém ação reguladora sobre o sistema imune).
Linfocito B: Essas células são responsáveis pela resposta imunológica humoral; elas reconhecem o determinante antigênico em questão e sintetizam anticorpos específicos para agir contra esse antígeno. Esse reconhecimento é feito a partir de gliproteínas presentes na superfície celular.


Monócitos

Essas células possuem muitos grânulos azuróficos e núcleos riniformes e excêntricos. Ao deixarem a circulação através da diapedese, eles se diferenciam em macrófagos, que agem fagocitando partículas, como células alteradas do próprio organismo, parasitas e células tumorais. Pinocitose de complexos antígeno-anticorpo. Síntese de moléculas importantes parta a resposta inflamatória e imunológica. Processamento e apresentação de antígenos aos linfócitos. 


Bibliografia
Siqueira Jr., Mecanismos celulares e moleculares da inflamação, pg 18 a 27.
Gartner, Leslie [et al], Tratado de histologia em  cores, 3º edição. Rio de Janeiro: Elsevier,2007.

Acadêmica: Frantiesca Vargas

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

LESÃO



Lesão ou processo patológico é conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nos tecidos após agressões. As alterações morfológicas que caracterizam as lesões podem ser observadas através de alterações macroscópicas ou microscópicas ou submicroscópicas.
As alterações moleculares, que muitas vezes se traduzem rapidamente em modificações moleculares, que muitas vezes se traduzem rapidamente em modificações morfológicas, podem ser detectadas com métodos bioquímicos e de biologia molecular. Os transtornos funcionais manifestam-se por alterações da função de células, tecidos, órgãos ou sistemas e representam os fenômenos fisiopatológicos já definidos.
As lesões são dinâmicas: começas, evoluem e tendem para a cura ou para a cronicidade. Por esse motivo, são também conhecidas como processos patológicos, indicando a palavra “processo” como uma sucessão de eventos. É compreensível, portanto, que o aspecto morfológico de uma lesão seja diferente quando ela é observada em diferentes fases de sua evolução.
O alvo dos agentes agressores são as moléculas, especialmente as macromoléculas, de cuja ação depende as funções vitais. Toda lesão inicia-se no nível molecular. As alterações morfológicas celulares surgem em conseqüência de modificações na estrutura na estrutura das membranas, do citoesqueleto e de outros componentes, além do acúmulo de substâncias nos espaços intercelulares. A ação dos agentes agressores, qualquer que seja a sua natureza, se faz basicamente por dois mecanismos: (a) ação direta, por meio de alterações moleculares que se traduzem em modificações morfológicas; (b) ação indireta, através de mecanismos de adaptação que, ao serem acionados para neutralizar ou eliminar a agressão, induzem alterações moleculares que resultam em modificações morfológicas. Desse modo, os mecanismos de defesa, quando acionados, podem também gerar lesão no organismo. Isso é compreensível tendo em vista que os mecanismos defensivos em geral são destinados a matar (lesar) invasores vivos, os quais são formados por células semelhantes às dos tecidos; o mesmo mecanismo que lesa um invasor vivo é potencialmente capaz de lesar também as células do organismo invadido.
Embora tenha uma enorme quantidade de agentes lesivos existentes na natureza, a variedade de lesões notadas nas doenças não é muito grande. Isso ocorre devido ao mecanismo de agressão as moléculas serem comuns apesar das diferenças de seus agentes agressores. Além disso, com freqüência as defesas do organismo são inespecíficas, no sentido de que são as mesmas frente a diferentes estímulos.  Alguns exemplos são: agentes lesivos reduzem o fluxo sanguíneo, que diminui o fornecimento de oxigênio para as células e reduz à produção de energia, a redução na síntese de ATP também é provocada por agentes que inibem enzimas da cadeia respiratória; outros diminuem a produção de ATP porque impede o acoplamento da oxidação com o processo de fosforilação do ADP; há ainda agressões que aumentam as exigências de ATP sem induzir aumento proporcional do fornecimento do oxigênio.
Em todas estas situações, a deficiência de ATP interfere com as bombas eletrolíticas, com as sínteses celulares, com o pH intracelular e com outras funções que culminam no acumulo de água no espaço intracelular e com uma série de alterações ultraestruturais que recebem, em conjunto, o nome de degeneração hidrópica. São, portanto, diferentes os agentes agressores capazes de produzir uma mesma lesão por meio de redução absoluta ou relativa da síntese de ATP. P outro lado, a ação do calor (queimadura), de um agente químico corrosivo ou de uma bactéria que invade o organismo é seguida de respostas teciduais que se traduzem por modificações da microcirculação e pela saída de leucócitos do leito vascular para o interstício. Nessas três situações, ocorre uma reação inflamatória inespecífica, que é uma modalidade comum e muito freqüente de resposta do organismo frente à agressão muito distintas.
Nas inflamações, os leucócitos são mobilizados por agressões diferentes porque muitos deles são células fagocitárias, especializadas em matar microrganismos e em fagocitar tecidos lesados para facilitar a reparação ou regeneração. Por essa razão, é fácil compreender que, quando os leucócitos são estimulados por agressões diversas, eles possam também produzir lesão nos tecidos invadidos. Do exposto, fica claro que a própria resposta defensiva (adaptativa) que o agente agressor estimula no organismo pode também contribuir para o aparecimento de lesões.
Em todas as agressões, as lesões têm um componente que resulta da ação direta do agente agressor e de um elemento decorrente da ação dos mecanismos de defesa acionados. Em muitas situações são os mecanismos de defesa, inatos ou adaptativos, os principais responsáveis pela lesão. É o que ocorre nas doenças de natureza imunitária e nas infecções, nas quais os mecanismos imunitários de defesa contra o agente infeccioso lesam também os tecidos.
Toda agressão gera estímulos que induzem, nos tecidos, respostas adaptativas que visam torná-los mais resistentes às agressões subseqüentes. Os estímulos geradores dessas respostas não são ainda bem estabelecidos, mas já se conhecem algumas reações muito conservadas na natureza. A expressão das proteínas do estresse, também chamadas proteínas do choque térmico (HSP, de Heat Shock Proteins), ocorre em todo tipo de célula frente às mais variadas agressões (daí o nome de proteínas do estresse). Tais proteínas induzem varias respostas adaptativas, como aumento da resistência à desnaturação de proteínas, aumento da estabilidade de membrana etc., aumentando assim a resistência das células às agressões.  




CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES


Ao atingirem o organismo, as agressões comprometem um tecido (ou um órgão), no qual existem: (a) células, parenquimatosas; (b) componentes intercelulares, interstício, ou matriz celular; (c) circulação sanguínea e linfática; (d) inervação. Após agressões, um ou mais desses componentes podem ser afetados, simultaneamente ou não. Desse modo, podem surgir lesões celulares, danos ao interstício, transtornos locais da circulação, distúrbios locais da inervação ou alterações complexas que envolvem muitos dos componentes teciduais ou todos eles. Por essa razão, as lesões podem ser classificadas nos cinco grupos a seguir, definidos de acordo com o alvo atingido, lembrando que, dada a interdependência entre os componentes estruturais dos tecidos, as lesões não surgem isoladamente nas doenças, sendo comum sua associação.
As lesões celulares podem ser consideradas em dois grupos: lesões letais e não letais. As lesões não letais são aquelas compatíveis com a recuperação do estado de normalidade depois de cessada a agressão; letalidade/ não letalidade está frequentemente ligada à qualidade, à intensidade e à duração da agressão, bem como ao estado funcional ou tipo de célula atingida. As agressões podem modificar o metabolismo celular, induzindo o acúmulo de substâncias intracelulares (degenerações), ou podem alterar os mecanismos que regulam o crescimento e a diferenciação celular (originando hipotrofias, hipertrofias, hiperplasias, hipoplasias, metaplasias, displasias, neoplasias). Outras vezes, acumulam-se nas células pigmentos endógenos ou exógenos, constituindo as pigmentações. As lesões letais são representadas pela necrose (morte celular seguida de autólise) e pela apoptose (morte celular não seguida de autólise - morte celular programada).
As alterações do interstício (da matriz extracelular) englobam as modificações da substância fundamental amorfa e das fibras elásticas colágenas e reticulares, que podem sofrer alterações estruturais e depósitos de substâncias formadas in situ ou originadas da circulação. Os depósitos de cálcio e a formação de concentrações e cálculos no meio extracelular são estudados à parte.
Os distúrbios da circulação incluem: aumento, diminuição ou cessação do fluxo sanguíneo para os tecidos (hiperemia, oligoemia e isquemia), coagulação do sangue no leito vascular (trombose), aparecimento na circulação de substâncias que não se misturam ao sangue e causam oclusão vascular (embolia), saída de sangue do leito vascular (hemorragia) e alterações das trocas de líquidos entre o plasma e o interstício.
As alterações da inervação apresentam lesões importantes, devido ao papel integrador de funções que o tecido nervoso exerce, mas na verdade, as alterações locais dessas estruturas são pouco conhecidas.
A lesão mais complexa que envolve todos os componentes teciduais é a inflamação. Esta se caracteriza por modificações locais da microcriculação e pela saída de células do leito vascular, acompanhadas por lesões celulares e do interstício provocadas, principalmente, pela ação das células fagocitárias e pelas lesões vasculares que acompanham o processo. A inflamação é a reação que acompanha a maioria das lesões iniciais produzidas por diferentes agentes lesivos.


Bibliografia
FILHO, Geraldo B; Bogliolo Patologia. 7ª Edição. Pgs 3 e 4. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2006.


Acadêmica: Karen Quevedo
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