O problema da regulação ácido-base é essencialmente o de prevenir
alterações na concentração de íon de hidrogênio secundária à formação contínua
e expulsão dos produtos ácidos finais do metabolismo, pois a acidez de uma
solução é determinada pela concentração de íons de hidrogênio. Para prevenir a
alcalose e a acidose, vários sistemas de controle estão disponíveis no corpo
humano (JACOB, FRANCONE, LOSSOW, 1990).
Entre eles podemos citar: (1) sistemas tampões, que agem rapidamente para
ligar, temporariamente, o H+, assim removendo-o das soluções, mas
não do organismo; (2) exalação do dióxido de carbono, quando se aumenta a
frequência e profundidade da respiração, que reduz a quantidade de dióxido de
carbono no sangue, assim reduzindo seu pH; (3) excreção renal do H+,
sendo um mecanismo mais lento, porém a única maneira de eliminar ácidos do
organismo, através da urina (TORTORA, GRABOWSKI, 2002).
Controle renal e respiratório
As concentrações de íons de hidrogênio e de dióxido de carbono podem
afetar a velocidade de ventilação alveolar devido ao estimulo direto de CO2
e H+ sobre o centro respiratório no bulbo. Podemos entender
que o sistema respiratório opera como um controle de feedback para regular as
concentrações desses íons íons, já que quando suas concentrações se elevam muito acima do normal, o sistema
respiratório é estimulado a tornar-se mais ativo, resultando em uma remoção acelerada de dióxido de
carbono dos líquidos extracelulares, levando à diminuição dos níveis de
hidrogênio. Depois de realizar essa compensação respiratória, a frequência do
sistema é deprimida. O poder tamponante da compensação respiratória é duas
vezes mais poderoso do que todos os tampões químicos combinados (JACOB,
FRANCONE, LOSSOW, 1990).
Há também a regulação renal, quando a concentração de íons de hidrogênio
ultrapassam os valores normais, e os rins tentam compensar tal excesso
excretando os íons de hidrogênio e fazendo voltar à corrente sanguíneo e
líquido extracelular o bicarbonato (JACOB, FRANCONE, LOSSOW, 1990).
Acidose respiratória
Ocorre quando a parcial de dióxido de carbono do sangue arterial está
acima de 45mm Hg. A exalação inadequada faz com que o pH do sangue caia.
Qualquer situação que faça com que diminua o movimento de CO2 do
sangue para os alvéolos pulmonares e destes para a atmosfera leva ao acumulo de
CO2, H2CO3 e H+. Estas condições
incluem o efisema, edema pulmonar, lesão do centro respiratório do bulbo,
obstrução das vias aéreas ou distúrbios dos músculos envolvidos na respiração.
Caso o problema respiratório seja muito grave, os rins podem ajudar a elevar o
pH sanguíneo, até o nível normal (TORTORA, GRABOWSKI, 2002).
Acidose metabólica
Na acidose metabólica o nível de HCO3- no plasma
arterial sistêmico está abaixo de 22 mEq/litro. Esse declínio faz com que o pH
do sangue diminua. A acidose metabólica pode acontecer devido a três fatores:
(1) perda real de HCO3-, tal como pode ocorrer na
diarreia grave ou na disfunção renal; (2) acúmulo de ácido, com exceção do
ácido carbônico, como pode ocorrer na cetose; ou (3) deficiência dos rins em
eliminar o H+ do metabolismo das proteínas da alimentação. Se não
for um problema muito grave, a hiperventilação ajudara a regular o pH
sanguíneo, em outros casos a administração de bicarbonato e o tratamento da
causa da acidose são os métodos de regular a acidose (TORTORA, GRABOWSKI,
2002).
Alcalose
respiratória
O sangue arterial cai abaixo de 35 mm Hg. A causa da queda da parcial de dióxido
de carbono e do aumento do pH é a hiperventilação, que ocorre em condições que
estimulam a área inspiratória situada no tronco encefálico. Essas condições
incluem a deficiência de oxigênio, devido à alta altitude, ou doença pulmonar,
acidente vascular cerebral ou ansiedade severa. A compensação renal pode trazer
o pH do sangue de volta aos valores normais (TORTORA, GRABOWSKI, 2002).
Alcalose metabólica
Na alcalose metabólica o nível de HCO3- no plasma
arterial sistêmico está acima de 26 mEq/litro. Perda não-respiratória de ácido,
pelo corpo, ou a ingestão excessiva de substâncias alcalinas faz com que o pH
aumente até acima de 7,45. O vômito excessivo do conteúdo gástrico, que resulta
em perda substancial de ácido clorídrico, provavelmente seja a causa mais
provável de alcalose metabólica. Outras causas incluem sucção gástrica, a
utilização de diuréticos, distúrbios endócrinos, ingestão excessiva de substâncias
alcalinas e desidratação grave (JACOB, FRANCONE, LOSSOW, 1990).
JACOB, S. W., FRANCONE C. A.,
LOSSOW, W. J.; Anatomia e Fisiologia
humana. 5° Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.
TORTORA, Gerard J. ; GRABOWSKI,
Sandra Reynolds; Princípios de Anatomia e Fisiologia. 9° Ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.