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sábado, 25 de setembro de 2010

GIARDÍASE




INTRODUÇÃO


A giardíase é uma infecção intestinal causada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia. Este protozoário entérico parasita o intestino dos humanos, animais domésticos e silvestres. A G. lamblia, G. intestinalis ou G. duodenale são os sinónimos dados à mesma espécie de parasitas protozoários flagelados.



Características do Parasito


O ciclo de vida consiste em dois estágios: trofozoítos e cistos viáveis. Os trofozoítos têm mede de 2,1µm a 9,5 de comprimento por 5 a 15µm de largura, possui forma de pêra e são móveis, possuindo quatro pares de flagelos (anterior, posterior, ventral e caudal) e dois núcleos, dois corpos parabasais, e ainda dois axonemas cada um, enquanto os cistos os são arredondados, com dois ou quatro núcleos, quatro corpos parabasais, quatro axonemas e com parede celular grossa, imóveis, mas resistentes e infecciosos.
O cisto viável ingerido é a forma infectante sendo capaz de sobreviver em ambiente externo adequado por longos períodos. Os trofozoítos, formas que causam a doença, apenas aderem ao epitélio do enterócito, não apresentando capacidade invasora ou destrutiva direta. Os cistos podem ser ingeridos através da água e de alimentos contaminados, mas a transmissão direta pela via fecal-oral também é possível.
Mesmo o contato do homem com as fezes ou fômites (terra, alimentos, água) favorece a transmissão feco-oral. As amostras fecais de cães e gatos podem contribuir também para a contaminação da água.




HÁBITAT


O parasito pode ser encontrado em todo o intestino delgado, e excepcionalmente no intestino grosso. Localiza-se com maior freqüência nas porções mais altas do intestino sendo o duodeno seu hábitat preferencial.



EPIDEMIOLOGIA


A Giárdia lamblia é um parasito cosmopolita que atinge ambos os sexos, sendo mais comuns em grupos etários inferiores há 10 anos.



BIOLOGIA



Os cistos são as formas infectantes sendo, portanto responsáveis pela disseminação da moléstia. São muito resistentes permanecendo viáveis durante dois meses no meio exterior.
Ao serem ingeridos os cistos passam pelo estômago e chegam ao duodeno, onde perdem sua membrana cística transformando-se em trofozoíto que pode ficar livre na luz intestinal ou fixar-se na parede duodenal através de seu disco suctorial.
As formas trofozoítos multiplicam-se ativamente por um processo complicado de divisão binária longitudinal surgindo grande número de novos elementos em pouco tempo. Em certo momento, sob a influência de fatores desconhecidos os trofozoítos se retraem condensam e secretam uma membrana, transformando-se em cistos.
A eliminação dos cistos não é contínua, ocorrendo às vezes períodos de sete a 10 dias durante os quais estão presentes em pequenas quantidade ou ausentes; em tais situações os exames parasitológicos das fezes poderão ser falso-negativos.




TRANSMISSÃO


A disseminação da giardíase está associada a vários fatores como:
- água
- verduras, legumes e frutas cruas contaminadas pelos cistos:
- alimentos contaminados por manipuladores parasitados.
- contato direto pessoa a pessoa, principalmente em creches, asilos, orfanatos e clínicas psiquiátricas:
- artrópodes, pois os cistos podem permanecer vivos durante 24 horas no intestino de moscas e sete dias na barata. Os artrópodes são capazes de disseminar o parasito através de seus dejetos ou regurgitamento:
- sexo anal-oral;
- riachos e reservatórios contaminados pela presença de animais parasitados. Esse fato levou a OMS a considerar a giardíase como uma zoonose.



PATOGENIA


Quando em grande número, os trofozoítos da Giardia lamblia podem atapetar todo o duodeno e produzir uma barreira mecânica impedindo a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), ácidos graxos, vitamina B 12 e ácido fólico. A presença destes em grande quantidade na luz intestinal pode desencadear um quadro de esteatorréia.



DIAGNÓSTICO CLÍNICO



A maioria dos indivíduos infectados é assintomático (portador são). A sintomatologia, quando presente, é caracterizada por diarréia aguda com cólicas intestinais difusas: constipação intestinal, anorexia, náuseas e vômitos, meteorismo, inapetência, dor epigástrica sugerindo úlcera duodenal, azia, sensação de plenitude gástrica, digestão difícil.

LABORATORIAL


O diagnóstico é feito via exame de fezes ou, em casos raros, biópsia de material duodenal.


Exame de Fezes


O exame parasitológico das fezes constitui a melhor maneira de estabelecer o diagnóstico. Em fezes liquefeitas recomenda-se, na coleta, a utilização de um conservante (SAF ou MIF) para a pesquisa das formas de trofozoítos. Os métodos utilizados são o direto e o corado pela hematoxilina férrica.
Em fezes formadas ou pastosas pesquisa-se a presença de cistos utilizando o método direto ou de concentração de Ritchie ou Faust.
Como a eliminação de cistos não é contínua, ocorrendo períodos de sete a 10 dias durante os quais estão presentes em pequena quantidade ou desaparecem, exames falso-negativos são comuns. Sugerimos, portanto, a realização de três exames, preferencialmente realizados um a cada três dias.



TRATAMENTO


O tratamento da giardíase compreende o uso de várias drogas, dentre as quais se destacam: quinacrina, furazolidona, Albendazol, nimorazol, ornidazol, metronidazol, tinidazol e secnidazol.
É absorvida através do tubo digestivo e eliminada por via renal. Pode causar alterações no sistema nervoso e possui ação antifibrilante.



PROFILAXIA


Pode-se evitar a contaminação, através de:
- fervura da água para uso doméstico por cinco minutos, pois a cloração é ineficiente para destruição dos cistos:
Saneamento básico:
- educação sanitária e higiene pessoal;
- combate aos artrópodes (moscas e baratas).










BIBLIOGRAFIA

CIMERMAN & CIMERMAN, Parasitologia Humana e seus fundamentos gerais.
Amato Neto V. Schwartzman S. Magaldi C. Campos R. Metronidan novo e eficaz medicamento para o tratamento da giardíase. HospiL 62:269-273. 1962.
Argomedo C. Weitz Jc. Silva B, Lopez L. Estudio comparativo é examen parasitológico de deposiciones c inmunotluorescência dire_~ con anticuerpos monoclonales en cl diagnóstico de Giardia laml:>Li Parasitol aI dia 17:139-1-13. 1993.


Acadêmica Evellim Nogueira

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