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terça-feira, 29 de março de 2011

MICOSES SUPERFICIAIS


Pitiríase versicolor

A pitiríase versicolor é uma infecção superficial leve e crônica do externo córneo, causada por Malassezia globosa, M. restricta e outros membros do complexo M. furfur. Tanto a invasão da pele do extrato córneo quanto às respostas do hospedeiro são mínimas. Ocorrem máculas isoladas, serpiginosas, hiper ou hipopigmentadas na pele, geralmente no tórax, nas costas, nos braços ou no abdome. As lesões são crônicas e aparecem na forma de placas maculares de pele pigmentada que podem aumentar e coalescer, embora a descamação, a inflamação e a irritação sejam mínimas. Com efeito, essa condição comum representa, em grande parte, um problema estético. As espécies de M. furfur são leveduras lipofílicas, e a maior parte exige a presença de lipídios no meio para seu crescimento. O diagnóstico pode ser confirmado pelo exame microscópico direto de raspados de pele infectada, tratados com KOH a 10 a 20% ou corados com calcofluorado branco. Observa-se a presença de hifas curtas não-ramificadas e células esféricas. As lesões também fluorescem sob a lâmpada de Wood. A pitiríase versicolor é tratada com aplicações diárias de sulfeto de selênio. Os azóis tópicos ou orais também são eficazes.



(A,B,C) São estruturas da M. furfur.


Tinha negra ou Tinea nigra


A tinha negra é uma infecção superficial crônica e assintomática do extrato córneo, causada pelo fungo dematiáceo Hortaea (Exophiala) werneckii, mais prevalente em regiões costeiras quentes entre mulheres jovens. As lesões aparecem com pigmentação escura (castanho-negra), frequentemente nas palmas das mãos. O exame microscópico de raspados da pele da pefireria da lesão revela a presença de hifas septadas ramificadas e de células leveduriformes em brotamento, com paredes melanizadas. A tinha negra responde ao tratamento com soluções ceratolíticas, ácido salicílico ou antifúngicos azóis.


(A) Escurecimento da pele provocada Hortaea werneckii;(B) Estrutura da Hostaee werneeckii.



Piedra


A piedra negra é uma infecção nodular dos fios de cabelo causada por Piedraia hortai. A piedra branca, decorrente da infecção por espécies de Trichosporon, manifesta-se na forma de nódulos amarelos maiores e de consistência mais mole nos pêlos. Os pêlos axilares e púbicos, a barba e os cabelos podem ser infetados. O tratamento para ambos os tipos consiste na remoção dos pêlos e na aplicação de um agente antifúngico tópico. A piedra é endêmica em países tropicais subdesenvolvidos.



Piedra Branca: (A,B) Estruturas do Trichosporon;(C) Nódulo encontrados nos fios de cabelo.






Piedra negra: (A) Nódulo encontrado no cabelo, podemos observar como é mais escuro que o da piedra branca;(B): Estrutura da Piedraia hortai.






BIBLIOGRAFIA
BROOKS, Geo F. [et.al]; Microbiologia médica. 24ª Edição. Pág 626. Editora Mc Graw Hill. Rio de Janeiro,2009.





Acadêmica: Karen Quevedo

segunda-feira, 28 de março de 2011

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA INFLAMAÇÃO

A inflamação é uma reação complexa a vários agentes nocivos, como os microrganismos e células danificadas, geralmente necróticas, que consiste de respostas vasculares, migração e ativação de leucócitos e reações sistêmicas. Invertebrados que não possuem sistema vascular e até mesmo organismos unicelulares são capazes de eliminar agentes nocivos por meio de vários mecanismos que incluem a captura e fagocitose do agente causador, às vezes por células especializadas (hemócitos), e neutralização de estímulos nocivos pela hipertrofia da célula hospedeira ou de uma de suas organelas. Essas reações celulares foram mantidas pelo processo evolutivo, sendo que as reações inflamatórias mais potentes foram desenvolvidas pelas espécies mais avançadas. A principal característica do processo inflamatório é a reação dos vasos sanguíneos, que leva ao acúmulo de fluido e leucócitos nos tecidos extravasculares. A resposta inflamatória está intimamente ligada ao processo de reparo. A inflamação destrói, dilui ou isola o agente nocivo e desencadeia uma série de eventos que tentam curar e reconstituir o tecido danificado. O reparo começa nas fases iniciais da inflamação, mas geralmente só é finalizada depois que a influência nociva neutralizada. Durante a fase de reparação, o tecido danificado é substituído por meio da regeneração de células parenquimatosas nativas, pelo preenchimento com tecido fibroso (cicatrização) ou, o que é mais comum, por uma combinação desses processos. A inflamação é fundamentalmente um mecanismo de defesa, sujo objetivo final é a eliminação da causa inicial da lesão celular e das conseqüências de tal lesão. Sem inflamação, as infecções se desenvolveriam descontroladamente, as feridas nunca cicatrizariam e o processo destrutivo nos órgãos atacados seria permanente. Entretanto, a inflamação e o reparo podem ser potencialmente prejudiciais. As reações inflamatórias são pilar de doenças crônicas, como a artrite reumatóide, a aterosclerose e a fibrose pulmonar, assim como de reações de hipersensibilidade. O reparo pela fibrose pode causar cicatrizes deformadoras ou faixas fibrosas que causam obstrução intestinal ou limitam a mobilidade das articulações. A resposta inflamatória consiste em dois componentes principais: uma reação vascular e uma reação celular. Muitos tecidos e células estão envolvidos nessas reações, incluindo o fluido e as proteínas do plasma, as células circulantes, os vasos sanguíneos e os componentes celulares e extracelulares do tecido conjuntivo. A inflamação pode ser aguda ou crônica. A inflamação aguda se inicia rapidamente e tem uma duração relativamente curta, de alguns minutos a várias horas ou alguns dias; suas principais características são a exsudação de fluido e de proteínas plasmáticas (edema) e a migração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. A inflamação crônica tem uma duração maior e está histologicamente associada à presença de linfócitos e macrófagos, à proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tissular5. Muitos fatores modificam o curso e a aparência morfológica tanto da inflamação aguda, quanto da crônica. As reações vasculares e celulares da inflamação aguda e da crônica são medidas por fatores químicos derivados de proteínas ou células plasmáticas e são produzidas ou ativadas pelo estimulo inflamatório. Tais mediadores, agindo solitariamente, em conjunto ou em sequência, amplificam a resposta inflamatória e influenciam sua evolução. As próprias células ou tecidos necróticos - independentes da causa da morte celular - também podem desencadear a formação de mediadores da inflamação. A inflamação termina quando o agente agressivo é eliminado e os mediadores secretados são destruídos ou dispersos. Além disso, existem mecanismos antiinflamatórios ativos que controlam a resposta e evitam que ele cause dano excessivo ao hospedeiro.



BIBLIOGRAFIA
KUMAR, Vinay [et al]; Robbins e Cotran: Bases Patológicas das Doenças. Pgs 50 e 51. 7ª Edição. Elsevier. Rio de janeiro, 2005.
Acadêmica: Karen Quevedo

domingo, 27 de março de 2011

CIENTISTAS DESCOBREM UMA CÉLULA DO CORPO QUE "AJUDA" O CÂNCER




Um novo estudo descobriu que algumas células “traem” o corpo, protegendo os tumores cancerígenos do sistema imunológico. A descoberta alerta que se fosse possível bloquear essas células, os tratamentos para parar o crescimento de tumores seriam mais eficazes. Os pesquisadores sabiam que o microambiente do tumor era imunossupressor, mas não sabiam como. Para descobrir isso, a equipe investigou as células vizinhas ao tumor. Os tumores cancerígenos são sempre rodeados por uma mistura de células do sistema imunológico que, por alguma razão desconhecida, parecem permitir que o tumor cresça sem interferir. Os pesquisadores então decidiram destacar um tipo de célula que está presente em torno dos tumores, bem como em áreas de inflamação crônica, como as articulações de pessoas com artrite reumatóide. Pouco se sabe sobre essa célula, que os pesquisadores chamam de FAP, por causa da proteína de ativação de fibroblastos encontrada em sua superfície. Embora a célula tenha sido descoberta escondida em torno de tumores há 20 anos, poucas pesquisas foram feitas sobre sua função. Ela tem sido utilizada apenas como indicadora de tumores. Inclusive, os pesquisadores estão tentando descobrir se ela já foi estudada antes sob um nome diferente. Para estudar a função destas células, a equipe injetou tumor de pulmão ou de pâncreas em ratos, e matou seletivamente as células FAP. Quando as células FAP morreram, todos os tumores pararam de crescer. Segundo os pesquisadores, nos ratos os tumores normalmente dobram de tamanho em dois dias. Mas quando eles dissecaram os tumores dois dias após matarem as células FAP, os tumores estavam do mesmo tamanho ou ligeiramente menores do que quando foram injetados. Além disso, cerca de metade das células do tumor morreram por inanição de oxigênio, o que sugere que seu suprimento de sangue foi cortado. Os pesquisadores imaginam que as células FAP trabalham bloqueando a ação de duas proteínas que normalmente matam os tumores. Quando eles bloquearam a atividade dessas duas proteínas, em uma outra experiência, foram capazes de impedir a necrose tumoral. Ainda assim, especialistas alertam que o modelo de câncer dos ratos não se parece com a natureza dos carcinomas humanos que se pode observar na prática clínica. Antes que a equipe de pesquisadores possa desenvolver uma terapia aplicável aos seres humanos, eles precisam descobrir em quais outros lugares do corpo essas células podem residir, e o que elas estão fazendo.





BIBLIOGRAFIA







Acadêmica: Karen Quevedo

sexta-feira, 25 de março de 2011

ARTERIOSCLEROSE E ATEROSCLEROSE

Arteriosclerose

Arteriosclerose é um termo genérico para o espessamento e perda da elasticidade das paredes arteriais. São reconhecidos três padrões de arteriosclerose; estes padrões variam em sua fisiopatologia e conseqüências clínicas e patológicas.
  • A aterosclerose, o padrão mais frequente e importante;
  • A esclerose medial calcificada de Mönckeberg é caracterizada por depósitos calcificados nas artérias musculares, e ocorre em indivíduos com idade superior a 50 anos. As calcificações visíveis, comumente palpáveis, não alcançam o lúmem dos vasos;
  • A arteriosclerose acomete as pequenas artérias e arteríolas. Há duas variantes anatômica, hialina e hiperplásica, ambas associadas ao espessamento das paredes vasculares com estreitamento do lúmem, podendo provocar lesão isquêmica nos vasos a jusante. Mais comumente associadas com hipertensão e diabetes melito.
Aterosclerose

Aterosclerose é caracterizada por lesões nos ateromas ou placas ateromatosas ou fibrogorduras, que invadem e obstruem o lúmem vascular e enfraquecem a média subjacente. Estas placas podem provocar sérias complicações. É responsável por aproximadamente metade de todas as mortes que ocorrem no Ocidente. Dados epidemiológicos referentes à aterosclerose são geralmente apresentados na forma de frequência do número de mortes causadas por doença cardíaca isquêmica (cardiopatia isquêmica). Somente o infarto do miocárdio responde por 20% a 25% de todas as mortes nos Estados Unidos.


BIBLIOGRAFIA
KUMAR, Vinay [et al]; Robbins e Cotran: Bases Patológicas das Doenças. Pgs 541 e 542. 7ª Edição. Elsevier. Rio de janeiro, 2005.
Acadêmica: Karen Quevedo

quinta-feira, 24 de março de 2011

BLOQUEIO AO HIV


Pesquisadores da escola de medicina da Universidade da Pensilvânia trazem uma boa notícia para a luta contra a Aids. Eles estão desenvolvendo um tratamento que impede a invasão do HIV nas células brancas do sangue. Os cientistas pretendem alterar as células geneticamente para bloquear a entrada do vírus. As primeiras nove pessoas a receber o tratamento mostraram resultados promissores.
De acordo com o responsável pela pesquisa, Carl June, o tratamento envolve retirar as células mais propensas à infecção por HIV, chamadas CD4+, de um paciente soropositivo. Em seguida, elas são alteradas em laboratório para “sabotar” um gene chamado CCR5, que é a “porta de entrada” do vírus causador da Aids. As células tratadas ficam, então, “trancadas” para o HIV. Depois da mudança, elas são recolocadas no paciente.“Este é o primeiro exemplo de modificação genética a introduzir um gene resistente a doenças em um paciente”, disse June.
Os resultados preliminares revelaram que, um ano após o tratamento, as células alteradas cresceram em número. Em alguns pacientes, as células haviam colonizado áreas do intestino e da mucosa retal, onde o HIV geralmente se multiplica e as CD4+ se esgotam. O estudo foi considerado pioneiro e apresentado esta semana em uma conferência sobre vírus em Boston.




BIBLIOGRAFIA






Acadêmica: Karen Quevedo

quarta-feira, 23 de março de 2011

VIROSES ONCOGÊNICAS




A evidência de que alguns cânceres poderiam ter etiologia isso começou em 1908, quando Ellerman e Bang demonstraram que a leucemia de galinhas podia ser transmitida a outras aves da mesma espécie, por inoculação de filtrados de células tumorais. Em 1911, Rous constatou que o sarcoma de galinhas também era transmitido da mesma forma; em 1936, Bittner mostrou que o carcinoma mamário de camundongos era induzido por um vírus transmitido da mãe para a progênie através do leite. Gross e Friend em seguida, identificaram dois vírus relacionados á leucemia de camundongos.
Aproximadamente 15% dos cânceres humanos têm etiologia viral; no entanto, é importante esclarecer que somente a infecção viral não é suficiente para induzir malignidade em um individuo. A infecção viral é um dos muitos passos envolvidos no processo de desenvolvimento de câncer.




VÍRUS ONCOGÊNICOS



Vírus oncogênicos são vírus que participam do processo de transformação celular. Esses vírus estabelecem uma associação com a célula infectada que, em vez de destruí-la, cria condições para manter seu ciclo replicativo.
Diversos vírus são oncogênicos para animais e humanos. São citados os vírus que participam do processo de oncogênese no homem, por exemplo, o retrovírus, a herpes, o papilomavírus.




1.VÍRUS LINFOTRÓPICOS PARA CÉLULA T DE HUMANOS



Quatro tipos distintos de vírus linfotrópicos para células T de humanos (HTLV) já foram identificados. O HTLV-1, em uma linhagem de células T (HUT 102) estabelecida de um paciente com linfoma cutâneo; o HTLV-2, isolado de outra linhagem de células T derivadas do baço de um paciente com uma forma rara de leucemia apresentando células pilosas; o HTLV-3 e HTLV-4, identificados em pacientes da Republica dos Camarões que tiveram contato com primatas não-humanos.Os HTLVs estão classificados na família Retroviridae.


1.2. Patogênese


1.2.1. HTLV-1


O HTLV-1 infecta, predominantemente, células TCD4+, mas células TCD8+ também podem ser infectadas. A incorporação do HTLV-1 no genoma das células TCD4+ pode resultar em uma infecção silenciosa, em que apesar de sequencias do HTLV-1 estarem presentes na célula hospedeira, o RNAs mensageiros virais não são detectáveis. A grande maioria das infecções é assintomática, e uma pequena porcentagem de indivíduos pode desenvolver leucemia de célula T do adulto (LTA) ou a paraparesia espática tropical/mielopatia associada ao HTLV-1.


1.2.2. HTLV-2


Ao contrário do HTLV-1, o HTLV-2 estimula a proliferação de linfócitos TCD8+ in vivo. Embora o HTLV-2 tenha sido isolado de um paciente com uma forma atípica de leucemia de células T pilosas, seu papel como causador da doença ainda não foi definido.


1.2.3. HTLV-1/Leucemia de célula T do adulto (LTA)


A LTA é uma leucemia de célula T que ocorre em 1 a 5% de pessoas infectadas com o HTLV-1 e é mais freqüente em homens. O tempo médio estimado entre a infecção e o desenvolvimento de leucemia é de aproximadamente 30 anos. Dados epidemiológicos indicam que a leucemia se desenvolve, principalmente, em indivíduos infectados durante o nascimento; a idade em que o indivíduo entra em contato com o vírus pode ser importante para o desenvolvimento da doença.
A leucemia é uma doença agressiva é letal, com uma sobrevida de aproximadamente seis meses, possuindo quatro classificações: assintomática; pré-leucêmica; lenta e crônica e por fim aguda.
A forma lenta apresenta lesões na pele e pode permanecer durante anos, e é caracterizada por poucas células leucêmicas circulantes.
A LTA crônica é acompanhada por um número aumentado de células leucêmicas circulantes e infiltrada na pele, no fígado, no baço e nos pulmões; a sobrevida média é de aproximadamente 24 meses.
A fase aguda que é caracterizada por uma contagem elevada de leucócitos, pode se apresentar como uma leucemia ou como um linfoma; são observados hipercalcemia, lesões de pele, lesões ósseas e envolvimento pulmonar. Apesar da quimioterapia intensa, mais da metade dos pacientes morre em aproximadamente seis meses.


1.2.4. Paraparesia Espástica Tropical/ Mielopatia Associada ao HTLV-1 (PET/MAH)

É uma doença desmielinizante progressiva crônica que causa danos principalmente no cordão torácico-espinhal, e é mais freqüente nas mulheres. Os sintomas iniciais são fraqueza e rigidez dos membros inferiores.
Ainda não se sabe se a maior parte dos danos neurológicos ocorre no primeiro ano e infecção; indivíduos que após três anos do aparecimento dos sintomas inicias desenvolvem um quadro de paralisia unilateral, o tempo médio ate o confinamento em cadeira de rodas é de quatro anos.
Na leucemia de célula T pilosa, o DNA proviral HTLV-1 é encontrado predominantemente em células TCD8+, diferentemente do que se observa na leucemia pelo HTLV-1, em que é encontrado 90 a 99% do provirus em células TCD4+CD8-.


1.2.5. Diagnostico Laboratorial

É feito por pesquisa de anticorpos no soro do individuo por ensaio imunoenzimático (ELIZA) ou ensaios de aglutinação de partículas de látex ou de gelatina e confirmado por Westerm blotting, sendo empregado também para diferenciar a infecção causada pelo tipo 1 e 2. Também são usados métodos moleculares como a reação em cadeia da polimerase (PCR) são necessários para determinar a linhagem do vírus.


1.2.6. Prevenção, Controle e Tratamento

A prevenção e o controle têm sido feitos com a utilização de preservativos, agulhas e seringas esterilizadas, triagem sorológica em doadores de sangue e órgãos. O tratamento se torna mais eficaz quando associado à utilização da citocina GM-CSF como um fator de suporte.
Em modelos utilizando animais, inibidores de desacetilação de histonas, que induzem apoptose celular, foram capazes de reduzir o volume dos tumores, oferecendo um novo caminho para o tratamento da LTA.
Pelo fato de essa doença ser de natureza inflamatória, os glicocorticóides estão entre as principais drogas empregadas no seu tratamento, mas, apesar da resposta inicial favorável observada durante o tratamento, esse medicamento não parece alterar a progressão da doença e ainda não existe uma vacina disponível para os seres humanos.




2. VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO



O vírus do papiloma humano (HPV) foi o primeiro vírus tumorgênico a ser transmitidos experimentalmente de um hospedeiro para outro.
Os papilomavírus (PVs) são classificados baseados na homologia da seqüência de leitura aberta (open reading frames- ORFs) L1, que codifica a principal proteína estrutural do vírus. Com base neste critério, os PVs estão classificados em 12 gêneros, onde o papilomavírus humano (HPVs) estão agrupados em cinco gêneros: Alpha-papilomavirus infecta mucosa genital e não-genital e genitália externa, embora uma espécie pertença a esse gênero infecte, principalmente, a pele e regiões não-genitais.
Os gêneros Beta-, Gamma-, Mu- e Nu- papillomavirus também infectam a pele em regiões não-genitais. Os HPVs que infectam o trato genital são classificados de acordo com sua capacidade de induzir alterações pré-malignas ou malignas, em HPVs de baixo risco (6 e 11) e HPVs de alto risco (16, 18, 31, 33, 35, 45).
O DNA viral é uma fita dupla circular é composto por um capsídeo.O HPV é replicado no núcleo celular, porém pouco se conhece das etapas de replicação. O receptor de superfície celular para HPV ainda não foi identificado. A maioria dos papilomavírus parecer entrar na célula através de endocitose depende de clatrinas medidas por receptores. O desnudamento do capsídeo e a exposição do genoma viral ocorrem dentro do endossomo, e a proteína L2 é responsável pela saída e transporte do DNA viral para o núcleo celular. A infecção latente representa a maioria das infecções pelo HPV. O período de incubação pode variar de seis semanas a dois anos.


2.1 Processo de formação de um carcinoma

O HPV penetra na mucosa através de uma microfissura, comum no epitélio feminino, onde entra em contato direto com a membrana externa das células epiteliais, com o contato ele passa interagir com a célula hospedeira, e libera o DNA viral no interior da célula. Em seguida o DNA viral se introduz no interior do núcleo celular, onde se vale do equipamento bioquímico ali existente para se reproduzir o que faz dividindo-se e produzindo novas partículas virais.
Em condições normais o DNA viral é uma dupla hélice circular, em quanto à população viral se reproduzir mantendo o DNA como um anel fechado não existe risco imediato. Porém certos tipos de HPV, por motivos indeterminados podem sofrem alterações no seu DNA, que se rompem dentro do núcleo das novas células e mudam de um formato circular para um formato aberto.
Essa mudança no DNA viral é o primeiro passo para formação do câncer de útero, pois o DNA do vírus se incorpora facilmente no DNA celular, dependendo do trecho do DNA que ocorre a junção as células infectadas começam a produzir E6 e E7 que saem do núcleo e passam a inibir as proteínas p53. Ela realiza a proteção celular, impedindo a sobrevivência das mutações celulares, sua tarefa é garantir que as divisões celulares se mantenham normais e as novas células sejam copias iguais as das células mãe, assim quando ocorre uma mutação a p53 identifica o problema e corrige o defeito ou conduz a célula defeituosa à morte celular se o conserto for impossível. Ao inibirem a proteína p53 as oncoproteínas E6 e E7 abrem a porta para a multiplicação celular desordenada e para a progreção do câncer.


2.2. Resposta imunológica

A resposta imune células parece ser mais importante para a regressão da infecção, enquanto a imunidade humoral ajuda a impedir o espalhamento da infecção no hospedeiro infectado, além de reduzir a probabilidade de uma reinfecção. Pacientes imunodeprimidos apresentam risco de desenvolver uma infecção persistente e câncer cervical.


2.3. Manifestações clínicas

As manifestações clínicas são dividas em infecções causadas pelo vírus que infectam a pele, e vírus que infectam mucosas.


2.3.1. Cutâneas:

Verruga comum: são observadas em mãos e joelhos, as verrugas são múltiplas, bem delimitadas, com superfície rugosa e hiperceratinizadas, Agente etiológicos (AE): HPVs 2 e 4;
Verruga plantar: são lesões únicas, dolorosas, encontradas no calcanhar e na sola dos pés, AE: HPV 1;
Verruga plana: AE: HPVs 3 e 10. As lesões são múltiplas ou únicas, pequenas, planas, encontradas nas mãos, braços e face de criança e adolescentes;
Epidermodisplasia verruciforme: é uma doença rara e hereditária, observadas em pessoas com deficiência da resposta imunológica, apresentam lesões semelhantes a verruga plana e máculas coloração marrom-avermelhada na face e extremidade. AE: HPVs 3 e 10 nas lesões semelhantes à verruga plana, e os tipos 5 e 8 no carcinoma de células escamosas.


2.3.2. Mucosas

Papilomatose respiratotia recorrente: é uma doença que é caracterizada pela presença de lesões epiteliais de aspecto verrucoso, únicas ou múltiplas, podem ser sésseis ou pediculadas, geralmente recorrentes, apresentam grande morbidade. As lesões afetam boca, nariz, faringe, esôfago e toda árvore traqueobrônquica. Na laringe os locais acometidos frequentemente são as pregas vocais, epiglote e as pregas vestibulares. Os tipos de HPVs responsáveis são do tipo 6 e 11na papilomatose laríngea, mas podem ser encontrados 16 e 18 em lesões com potencial de malignidade.
Infecção oral: A infecção pode sem assintomática ou associada a lesões únicas ou múltiplas em qualquer parte da cavidade oral. O papiloma oral é causado pelos tipos 6,11 e 16.
Papiloma Conjuntival: Raro, ocorre em qualquer idade. AE: HPVs 6 e 11.
Verrugas anogenitais: Apresenta manifestações como verrugas ou condilomas na vulva, meato uretral, pênis, períneo, ânus, colo uterino e vagina. O condiloma acuminado compreende múltiplas lesões granulares e verrucosas, da cor da pele, acinzentadas, vermelhas ou hiperpigmentadas. As lesões maiores parecem uma couve-flor e pequenas podem ser filiformes.

2.4. Diagnóstico Laboratorial

Os métodos de diagnóstico laboratorial são realizados através da combinação de testes específicos e inespecíficos. Testes inespecíficos importantes:
Colposcopia: è empregada pela detecção de lesões subclínicas. Nesse exame, são empregadas substâncias que tornam as lesões visíveis.
Citopatologia: Identifica tanto alterações celulares benignas como aquelas de maior gravidade.
Histopatologia: os critérios histopatológicos permitem o diagnostico de infecção por HPV, mas não identificam o tipo viral envolvido.
Microscopia eletrônica: Revela a presença de partículas virais intracelulares.
Imunocitoquímica: O testo é baseado na procura de antígenos em esfregaço celulares empregando anticorpos dirigidos para proteínas comuns aos papilomavírus, conjugados com peroxidase ou substancia florescente. A sensibilidade do teste é limitada, e varia com o tipo de lesão.
Testes para a detecção do ácido nucléico viral: detecta a infecção, são mais sensíveis para determinar o tipo HPV envolvido, dependendo do método empregado.


2.5. Epidemiologia, tratamento e prevenção

Apresenta distribuição mundial, torno de 30 milhões de pessoas estão infectadas com HPV, onde 470.00 apresentam incidência de câncer cervical, e 80% em países desenvolvidos. Isso ocorre devido os pacientes serem periodicamente submetidos a exames de DNA e Papanicolaou e de alto nível de infra-estrutura requerida para implementar os testes de forma efetiva abrangendo o público-alvo.
A prevenção seria a vacina que previne HPV do tipo 6,11, 16 e 18, tendo eficiência em 95%. O controle pode ser realizado com o uso de preservativos. O tratamento consiste na remoção das verrugas pelo emprego de agentes físicos (laser, crioterapia, eletrocauterização) e químicos. Para o tratamento de verrugas cutâneas, existe um fitoterápico à base de extrato alcoólico da planta Thuya occidentalis. Em casos de carcinoma cervical, recomenda-se remoção cirúrgica acompanhada de quimioterapia e/ou radioterapia.




3. VÍRUS EPSTEIN-BARR



Mais conhecido pela denominação inglesa, Barr Vírus (EBV), foi descoberto, em 1964, por um estudo de microscopia eletrônica, cultura de células obtidas de linfoma de Burkitt. Quatro anos após, em 1968, demonstrou-se que o EBV era o agente etiológico da mononucleose infecciosa.
Estudos posteriores comprovaram que, na realidade, as células B da orofaringe, representam o sítio primário da infecção.
O vírus Epstein Barr, também conhecido pela denominação inglesa, foi descoberto, em 1964, por um estudo de microscopia eletrônica, cultura de células obtidas de linfoma de Burkitt. Quatro anos após, em 1968, demonstrou-se que o EBV era o agente etiológico da mononucleose infecciosa.
Estudos posteriores comprovaram que, na realidade, as células B da orofaringe, representam o sítio primário da infecção. Epstein-Barr vírus ou simplesmente EBV, é um vírus da família Herpes, que causa a mononucleose infecciosa, em humanos. Existe forte correlação entre a infecção latente pelo EBV e o desenvolvimento de diversos tumores malignos, como o linfoma de Burkitt, a doença de Hodgkin, o linfoma B e ocarcinoma nasofaríngeo. Há, também, evidências de que o EBV possa estar associado a outras neoplasias malignas, principalmente a carcinomas gástricos, carcinomas mamários, leiomiossarcomas, linfomas T e carcinomas linfoepitelioma-like de glândulas salivares, pulmão e timo. Várias das proteínas expressas pelo EBV atuam diretamente, como oncogene, estimulando a proliferação das células infectadas. Além disso, o DNA viral, ao integrar-se ao genoma do hospedeiro, pode causar mutações em genes reguladores do ciclo celular, sobretudo no gene supressor, tumoral, p53, favorecendo o aparecimento de células neoplásicas.


3.1. Doença de hodgkin ou linfoma de hodgkin




  • ALH, caracteriza-se por ser uma neoplasia do sistema linforreticular, em que o EBV esta presente nos tumores.
  • Apresenta característica clinica e histológicas distintas. Origina-se de uma única célula B.
    Dois Grupos:LH Nodular e LH Clássico.
  • Sintomas são linfonodos aumentado no pescoço, na axilia ou na virilia na pele pode apresentar prurido intenso.
  • O DNA do EBV ou proteínas virais podem ter um papel patogênico em carios outros tumores nos quais eles tem sido detectados, linfoma nasais de células T.
  • O DNA viral ou proteínas também já foram detectados e linfomas de células T periféricas, os quais podem ser acompanhados de uma síndrome hemofagocitica associada ao vírus.

3.2. Linfoma não-hodgkin


  • Classificado como a segunda neoplasia mais comum em pacientes infectados pelo HIV.
  • Ele apresenta-se clinicamente nos nódulos linfáticos. É uma massa rígida que cresce lentamente e durante meses. A lesão pode envolver uma coleção de nódulos linfáticos locais, como nódulos cervicais, axiliar e inguinal, em que um ou mais nódulos moveis podem ser percebidos.
  • O tratamento; consiste em radioterapia e quimioterapia dependendo do estagio que se encontra a lesão. Quanto a intervesão de cirúrgica, não possui indicação.

3.3. Doença linfoproliferativa associada ao cromossoma x

  • Conhecida como síndrome de Duncam, doença hereditária do sexo masculino, é uma doença fatal após a infecção pelo EBV, devido á ausência de resposta imunológica ao vírus.
  • O gene do cromossoma X, que sofre a mutação nessa doença.

3.4. Infecções em pacientes imunocomprometidos.


*Leucoplasia pilosa oral (LPO): Manifestações clínicas da LPO, apresenta como uma placa branca, com uma superfície que pode ser plana, corrugada ou pilosa, não removível por meio de raspagem. Localização as bordas laterais da língua. Pode ocorrer em pacientes infectados pelo HIV e alguns pacientes transplantados.
*O tratamento não se faz usualmente devido algum pequeno desconforto ou necessidade estética.
*Pneumonite intersticial: Ocorre primariamente em crianças, mas também pode surgir em adultos infectados pelo HIV. Caracterizado por infiltrado pulmonar interticial difuso. As alterações patológicas nas lesões incluem filtração do septo alveolar por linfócitos células plasmáticas e imunoblastos.
*Desordem linfoproliferativas: A associação do EBV com desordens linfoproliferativa em paciente com imunodeficiência congênita ou adquirida inclui pacientes com imunodeficiência intensa. A imunidade mediada por células T encontram-se deficiente, tornando-se incapaz de controlar a proliferação de células B infectadas pelo EBV.
*Linfo-histiciose hemafagocitica (LHH): Causada pelo EBV, caracterizada por febre agudalinfadenopatia, hepatoesplenomegalia e hemofagotise generalizada, hepatite, pancetopenia, e coagulopatia frequentemente fatal. Esta associada com a infecção de células T pelo EBV.
*Granulomatose linfomatoide: Desordem angiodestrutiva do sistema linfático que pode estar associado à EBV. Apresentam evidências de imunodeficiência, incluindo indicações congênitas ou adquiridas.

3.5. Infecções por EBV em pacientes imunocompetentes

Mononucleose infecciosa (MI): Conhecida como doença do beijo, acontece através do compartilhamento de saliva. Caracterizada a MI, como uma síndrome que possui diversas causa, sendo a infecção pelo EBV a mais freqüente. Grande parte dos sintomas da MI é atribuída À proliferação e ativação das células T em resposta á infecção. Uma pequena percentagem das Células B periférica é infectada com EBV durante a MI; Infecção Crônica ativa pelo EBV. Caracterizada por episódios de febre, linfodenopatia e hepatoesplenomegalia recorrente ao longo de vários anos após a infecção primaria.

3.6. Diagnostico laboratorial

O diagnostico clinico diferencial da infecção é difícil. A MI induzida por EBV é, geralmente diagnosticada pela presença de linfócitos atípicos, linfocitose, anticorpos heterófilos e anticorpo especifico para antígenos virais.
Os testes sorológicos para a detecção de anticorpos contra a EBV são principal ferramenta para confirmação do diagnostico.
O diagnóstico das desordens linfoproliferativas requer exame histológicos do tecido de biopsia e hidridização in situ. Para a detecção do vírus podem ser feitas imuno-histoquimicas, imunocitoquímica, e microscopia eletrônica.



4. HERPESVIRUS HUMANO TIPO 8 (HHV-8)


O herpesvirus humano tipo 8 é associado ao sarcoma de Kaposi (SK), que é uma lesão angioproliferativa e inflamatória complexa nos membros inferiores, a lesão é caracterizada por múltiplas manchas, de aparência nodular ou planar, frequentemente envolvendo mucosa e vísceras, principalmente na AIDS-SK. O estagio final é representado por uma fase tumoral nodular.
A transmissão ocorre, principalmente, através do contato homossexual masculino; nas áreas endêmicas, ocorre principalmente, na infância após a diminuição dos anticorpos maternos; ocorre também através de transplantes de órgãos entre outros.
Pouco se conhece a respeito das manifestações clinicas na infecção primaria pelo HHV-8. Tem sido observada uma síndrome semelhante a mononuclease, com sintomas de febre, artralgia, esplenomegalia e linfadenopatia cervical, com aumento de IgM especifica para HHV-8.
Histologicamente, a lesão do SK difere das formas tradicionais de câncer, por exemplo, as lesões de SK são muito complexas. O elemento proliferativo predominante são as chamadas células espinhosas, acredita-se que essas células tenham origem endotelial.
Alem das células espinhosas, também são encontrados nas lesões infiltrados celulares leucocitários e marcada angiogenese, em que a formação de novos vasos é anormal e facilita o extravasamento liquido e de hemácias. A formação desses novos vasos, na maioria das vezes, precede o aparecimento de células espinhosas típicas que formam o tumor de SK.
O HHV-8 está presente tanto nas células endoteliais microvasculares quanto nas células espinhosas de lesões iniciais de sarcoma, significando que os eventos iniciais do sarcoma são desencadeados pela infecção viral.
Inicialmente, as células espinhosas são os elementos mais numerosos, entretanto, as células inflamatórias e elementos neovasculares também são proeminentes nesse estágio. A lesão então progride a um estágio nodular, em que as células espinhosas se tornam progressivamente os elementos dominantes no quadro histológico, formando lesões macroscopicamente visíveis.
As células endoteliais e espinhosas ativadas são aquelas que respondem rapidamente a qualquer infecção, montando uma resposta inflamatória eficaz para eliminar os eventos estranhos ao organismo. A liberação dos fatores inflamatórios parece não ser o único desencadeante da doença, pois nem todo hospedeiro do HHV-8 que sofre uma infecção tissular desenvolve o sarcoma de Kaposi.
Muitos pacientes com SK localizado não necessitam de tratamento, enquanto outros podem ser tratados por terapias locais, já em pacientes com HIV o SK é bem mais agressivo, podendo se espelhar pelo organismo e envolver estruturas linforreticulares, trato gastrointestinal e pulmões, além da pele.
O HIV possui um papel na patologia da infecção, uma vez que a proteína Tat, um fator de ativação da transcrição do genoma do HIV e, indiretamente, do HHV-8, também é responsável por funções que afetam a sobrevida e o crescimento das células T, células endoteliais e células espinhosas.
As doenças associadas ao HHV-8 são:

  • Principalmente o sarcoma de Kaposi (SK);
  • Linfoma de efusão primário ou de cavidade de corpo (PEL OU BCBL);
  • Doença de Castleman multicêntrica; entre outras.

Diagnostico laboratorial: O DNA do HHV-8 pode ser detectado por PCR; a hibridização in situ é utilizada para localizar células especificas que estão infectadas com o HHV-8; a imuno-histoquimica tem sido empregada para a detecção do HHV-8 em tecidos fixados com formalina e embebidos em parafina, utilizando anticorpos monoclonais para diferentes antígenos virais; entre outros.
O SK é encontrado em todo o mundo, porem com diferentes taxas de prevalência.
Os inibidores de DNA-polimerase de herpesvirus são eficazes no combate à infecção lítica, porém, são ineficazes em casos de infecção latente. Atualmente, substâncias com propriedades anticancerígenas são as mais indicadas para o uso em pacientes com SK avançado, BCBL ou MCD. Entre elas, podem ser citadas: daunorrubicina, doxorrubicina, paclitaxel e alitretinoina.

Acadêmicas: Ritieli Barbieri, Bruna Gonzatto, Karen Quevedo, Frantiesca Vargas, Lili Dal Astra, Regina Koth, Gabriela Rotta

VIROLOGIA

Propriedades gerais dos vírus

Os vírus são os menores agentes infecciosos e contém apenas um tipo de ácido nucléico (RNA e DNA) como genoma, circundado por um envelope protéico que pode ser delimitado por uma membrana contendo lipídio. A unidade infecciosa completa é denominada virion. Os vírus são inertes no ambiente extracelular, replicam-se apenas em células vivas e são parasitos em nível genético. O ácido nucléico viral contém a informação necessária para programar a célula infectada do hospedeiro a sintetizar macromoléculas específicas do vírus necessárias à produção da progênie viral. Durante o ciclo de replicação, são produzidas numerosas cópias de ácido nucléico viral e proteínas do envelope. As proteínas do envelope organizam-se para formar o capsídio, que envolve e estabiliza o ácido nucléico viral, protegendo-o do ambiente extracelular, bem como facilitando a fixação e penetração do vírus ao entrar em contato com novas células suscetíveis. A infecção por vírus pode ter pouco ou nenhum efeito sobre a célula hospedeira, ou resultar em lesão ou morte celular.
O universo dos vírus apresenta grande diversidade. Os vírus variam enormemente na sua estrutura, organização e expressão do genoma, bem como as estratégias de replicação e transmissão. A variedade do hospedeiro para determinado vírus pode ser ampla ou extremamente limitada. Sabe-se eu os vírus infectam os microrganismos unicelulares, como micoplasmas, bactérias e algas, bem como todas as plantas e animais superiores.
Grande parte da informação sobre as relações entre vírus e hospedeiro foi obtida de estudos com bacteriófagos, isto é, vírus que atacam bactérias.


Origem Evolutiva dos vírus

Desconhece-se a origem dos vírus. Existem profundas diferenças entre os vírus de DNA, os de RNA e os que utilizam tanto o DNA quanto o RNA com material genético durante diferentes estágios de seu ciclo de vida. É possível que os diferentes tipos de agente tenham origens distintas. Duas teorias sobre a origem dos vírus podem ser resumidas da seguinte maneira:
(1) Os vírus podem ser derivados do DNA ou do RNA dos ácidos nucléicos de células hospedeiras que adquiriram a capacidade de replicação autônoma e evoluíram independentemente. Assemelham-se a genes adquiriram a capacidade de existir independentemente da célula. Algumas sequências virais estão relacionadas com porções de genes celulares que codificam domínios funcionais protéicos. É provável que pelo menos alguns vírus tenham evoluído dessa maneira.
(2) Os vírus podem constituir em formas degeneradas de parasitos intracelulares. Não há evidências de que os vírus tenham evoluído a partir de bactérias, embora exista probabilidade de que outros microrganismos intracelulares obrigatórios – como, por exemplo, riquétsias e clamídias - tenham deito isso. Todavia, os poxvírus são tão grandes e complexos que podem representar produtos evolutivos de algum ancestral celular.


Classificação dos vírus

Foram utilizadas as seguintes propriedades como base para a classificação dos vírus. A quantidade de informações disponíveis em cada categoria não é a mesma para todos os vírus. Os métodos empregados para caracterizar os vírus mudam rapidamente. Hoje, a determinação da sequência do genoma é frequentemente efetuada na identificação inicial do vírus, e as comparações com base de dados disponíveis evitam a necessidade de obter maior número de dados clássicos (por exemplo, densidade de flutuação do virion). Os dados relativos à sequência genômica constituem critérios taxonômicos avançados (por exemplo, ordem dos genes) e podem fornecer a base para a identificação de novas famílias de vírus.
(1) Morfologia do virion, incluindo o tamanho, a forma, o tipo de simetria, a presença ou ausência de peplômeros e presença ou ausência de membranas.
(2) Propriedades do genoma do vírus, incluindo tipo de ácido nucléico (DNA e RNA), tamanho do genoma em quilobases (Kb) ou pares de quilobases (kbp), número de fitas (simples ou duplo), linear ou circular, sentindo/ polaridade (positivo, negativo, com ambos os sentidos), segmentos (número e tamanho), sequência de nucleotídios, conteúdo de G + C, presença de características especiais.
(3) Propriedades físico-químicas do virion, incluindo a massa molecular, densidade de flutuação, estabilidade em pH, termoestabilidade e suscetibilidade e agentes físicos e químicos particularmente éter e detergentes.
(4) Propriedades das proteínas virais, incluindo o número, o tamanho e as atividades funcionais das proteínas estruturais e não estruturais, sequência de aminoácidos, modificações (glicosilação, fosforilação, miristilação) e atividades funcionais especiais (transcriptase reversa, neuraminidase, atividades de fusão).
(5) Organização e replicação do genoma, incluindo a ordem dos genes, número e posição das estruturas de leitura abertas, estratégia de replicação (padrões de transcrição, tradução) e locais celulares (acúmulo de proteínas, organização do virion, liberação do virion).
(6) Propriedades antigênicas.
(7) Propriedades biológicas, incluindo variedade de hospedeiros naturais, modo de transmissão, relação com vetores, patogenicidade, tropismos teciduais e patologia.

Modos de transmissão dos vírus

Os vírus podem ser transmitidos das seguintes maneiras:
  • Transmissão direta de uma pessoa para outra por contato; os principais meios de transmissão podem incluir os perdigotos ou aerossóis (influenza, sarampo, varíola); por via orofecal (enterovírus, rotavírus, hepatite A), por contato sexual (Hepatite B, herpes simples tipo 2, HIV), por contato mão-boca, mão-olhos ou boca-boca (herpes simples, rinovírus, vírus de Epstein-Barr), ou por sangue contaminado (Hepatite B, HIV);
  • Transmissão de um animal para outro, sendo o ser humano um hospedeiro acidental. A transmissão pode ocorrer através de mordida (raiva) ou perdigotos ou aerossóis de locais contaminados por roedores (arenavírus, antavírus);
  • Transmissão por um vetor artrópode (arbovírus, flavivírus e bunyavírus).

BIBLIOGRAFIA

BROOKS, Geo F. [et.al]; Microbiologia médica. 24ª Edição. Págs 367, 368 e 390. Editora Mc Graw Hill. Rio de Janeiro,2009.

Acadêmica: Karen Quevedo

terça-feira, 22 de março de 2011

COLORAÇÃO

Os corantes combinam-se quimicamente com protoplasma bacteriano; se a célula ainda não estiver morta, o próprio processo de coloração irá destruí-la. Por conseguinte, trata-se de um processo drástico, possível de produzir artefatos.
Os corantes comumente utilizados são os sais. Os corantes básicos consistem em um cátion dotado de cor com ânion incolor (por exemplo: azul de metileno + /cloreto -); os corantes ácidos comportam-se de modo inverso (por exemplo: sódio + eosinato-). As células bacterianas são ricas em ácido nucléico, apresentando cargas negativas na forma de grupos fosfato que se combinam com os corantes básicos de carga positiva. Os corantes ácidos não coram as células bacterianas e, por conseguinte, podem ser utilizados para corar o material de fundo com uma cor.
Os corantes básicos coram uniformemente as células bacterianas, a não ser que o RNA citoplasmático seja inicialmente destruído. Entretanto, podem-se utilizar técnicas especiais de coloração para diferenciar os flagelos, cápsulas, paredes celulares, membranas celulares, grânulos, nucleóides e esporos.

A coloração pelo GRAM

Uma importante característica taxonômica das bactérias consiste na sua reposta à coloração pelo método de GRAM. A propriedade da coloração pelo GRAM parece fundamental, visto que a reação está correlacionada com muitas outras propriedades morfológicas em formas filogeneticamente correlatas. Um microrganismo potencialmente Gram-positivo pode aparecer dessa maneira apenas em determinado conjunto de condições ambientais e em uma cultura jovem.
A coloração de GRAM começa com a aplicação de um corante básico, o cristal violeta. A seguir, aplica-se uma solução de iodo; todas as bactérias coram-se em azul nessa etapa do processo. A seguir, as células são tratadas com álcool. As células Gram-positivas retêm o complexo cristal violeta-iodo, permanecendo azuis; as células Gram-negativas são totalmente descoradas pelo álcool. Como etapa final, aplica-se um contra corante (como o corante vermelho safranina), de modo que as células Gram-negativas descoradas adquirem uma cor contrastante; nessa etapa, as células Gram-positivas exibem uma cor púrpura. A base da reação diferencial de GRAM é a estrutura da parede celular.

Coloração álcool-ácido-resistente

As bactérias álcool-ácido-resistente são as que retêm carbolfucsina (fucsina básica dissolvida em uma mistura de fenol-álcool-água), mesmo quando descoradas com ácido clorídrico em álcool. Um esfregaço de células em lâmina é banhado com carbolfucsinaa e aquecido em vapor. Após esta etapa, procede-se à descoloração com ácido-álcool e por fim aplica-se um contracorante contrastante (azul ou verde). As bactérias álcool-ácido-resistente (micobactérias) e alguns dos actinomicetos relacionados adquirem cor vermelha, enquanto as outras apresentam a cor do contracorante.

Coloração negativa

É um procedimento que envolve a coloração do material de fundo com um corante ácido, deixando as células incolores. O corante negro nigrosina é comumente utilizado. Esse método é empregado para as células ou estruturas difíceis de serem coradas diretamente.

Coloração dos Flagelos

Os flagelos são demasiado finos para serem visíveis ao microscópio óptico. Entretanto, sua presença e distribuição podem ser demonstradas ao tratar as células com uma suspensão coloidal instável de sais de ácido tânico, provocando a formação de um precipitado maciço sobre as paredes celulares e os flagelos. Dessa maneira, o diâmetro aparente dos flagelos aumenta, de modo que a coloração subsequente com fucsina básica irá torná-los visíveis ai microscópio óptico.
Nas bactérias peritríquias, os flagelos formam feixes durante o movimento, podendo ser espessos o suficiente para serem observadas em células vivas à microscopia de campo escuro ou de contraste de fase.

Coloração da cápsula

Em geral, as cápsulas são evidenciadas pelo processo de coloração negativa ou por modificações dela. Um desses “corantes de cápsula” (método de Welch) envolve o tratamento com solução a quente de cristal violeta, seguido de lavagem com solução de sulfato de cobre, utilizada para remover o excesso do corante, pois a lavagem convencional com água dissolveria a cápsula. O sal de cobre também cora o fundo, resultando em uma célula e fundo de cor azul- escura, enquanto a cápsula aparece em azul bem mais claro.

Coloração dos nucleóides

Os nucleóides podem ser corados pelo corante de Feulgen, específicos do DNA.

Coloração dos esporos

Os esporos são observados mais simplesmente na forma de corpúsculos intracelulares refrateis em suspensões de células não coradas ou como áreas incolores em células coradas por métodos convencionais. A parede do esporo é relativamente impermeável, porém os corantes podem atravessá-la mediante o aquecimento da preparação. A seguir, a mesma impermeabilidade serve para evitar a descoloração do esporo pelo tratamento com álcool, suficiente para descorar as células vegetativas, que podem ser finalmente contracoradas. Comumente, os esporos são corados com verde de malaquita ou carbolfucsina.

BIBLIOGRAFIA

BROOKS, Geo F. [et.al]; Microbiologia médica. 24ª Edição. Págs 40,41. Editora Mc Graw Hill. Rio de Janeiro,2009.

Acadêmica: Karen Quevedo

domingo, 20 de março de 2011

FATORES ANTIMICROBIANOS NATURAIS

A estabilidade de alguns alimentos frente ao ataque de microrganismos é devida à presença de algumas substâncias naturalmente presentes nesses alimentos, tendo a capacidade de retardar ou mesmo impedir a multiplicação microbiana.
Os condimentos são um bom exemplo, pois contêm vários óleos essenciais com atividade antimicrobiana, tais como eugenol no cravo, alicina no alho, aldeído cinâmico e eugenol na canela alil-isotiocianato na mostarda, timol e isotimol no orégano.
O ovo, em especial a clara, tem diversos agentes antimicrobianos naturais. Além de apresentar pH desfavorável à multiplicação microbiana (entre 9 e 10), a clara do ovo é rica em lisozima, enzima capaz de destruir a parede celular bacteriana, sendo especialmente ativa em bactérias Gram-positivas. Além desses, agem também a avidina, a conalbumina e outros inibidores enzimáticos.
O leite proveniente de gado bovino também contém numerosas substâncias antimicrobianas naturais, que podem agir específica ou inespecificamente. Entre os compostos de ação específica estão às imunoglobulinas, o fator complemento, os macrófagos e os linfócitos. Uma grande série de fatores inespecíficos antimicrobianos em leite já foi descrita, sendo o mais importante o sistema lactoperoxidase (SLP). Esse sistema age através da quebra de peróxidos (água oxigenada, por exemplo) presentes no leite, liberando oxigênio que promove a oxidação de grupos SH de enzimas metabólicas vitais para o microrganismo. Esse sistema depende ainda da presença de tiocianato ou outro substrato oxidável. O SLP é bactericida para bactérias Gram-negativas e bacteriostático para as Gram-positivas.
A lactoferrina do leite tem também atividade antimicrobiana. Trata-se de uma proteína que inibe a multiplicação através da retirada de íons ferro d leite. Outras substâncias como a lisozima, naturalmente presente no leite, e a nisina, produzida por bactérias láticas no leite, também são importantes no controle do desenvolvimento microbiano.
Os derivados do ácido hidroxicinâmico, encontrados em frutas e vegetais, são importantes agentes antimicrobianos, com ação predominantemente sobre bactérias e alguns fungos, assim como os taninos, presentes em frutas e sementes. As frutas contêm ácidos orgânicos e óleos essenciais importantes na inibição da multiplicação microbiana.
Entre os fatores antimicrobianos naturais devem ser incluídas as estruturas biológicas que funcionam como barreiras mecânicas para a penetração de microrganismos. Nessa categoria estão a casca das nozes, das frutas e dos ovos, a pele dos animais e a película que envolve as sementes.
Além dos fatores antimicrobianos naturalmente presentes nos alimentos, tem importante papel os compostos químicos propositalmente adicionados aos alimentos (conservados) como recurso tecnológicos para estender sua vida util.








BIBLIOGRAFIA

FRANCO, Bernadette Dora Gombossy de Melo [et al]; Microbiologia dos Alimentos. Pgs: 20,21. 1ª Edição. Atheneu. São Paulo, 2008.





Acadêmica: Karen Quevedo




sábado, 19 de março de 2011

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS CÉLULAS NA MEDULA ÓSSEA

As células precursoras estão distribuídas no interior da medula óssea, obedecendo a um arranjo mais ou menos definido ou preferencial.
As células CFU-S (pluripotente) tem localização preferencial junto ao tecido ósseo, na chamada região subendosteal das trabéculas ósseas do esterno ou osso ilíaco. Elas se tornam cada vez menos numerosas, à medida que aumenta a distância que as separa do osso.
Nas regiões centrais do espaço medular (região axial) predominam os precursores já mais diferenciados, as células comprometidas e as células maduras, que passam à circulação através dos vasos sinusóides venosos centrais.
Tal distribuição ocorre tanto com a linhagem granulocítica como com as células eritroblásticas. Assim, em relação a esta ultima, tem sido observado que as células menos diferenciadas, do tipo BFU-E, são mais numerosas junto ás trabéculas ósseas, enquanto as CFU-E predominam nas zonas mais centrais do espaço medular.
Além dessa localização preferencial subendosteal dos precursores imaturos, observou-se também que nas regiões que circundavam os vasos arteriais da medula óssea há maior concentração junto ao tecido ósseo, mas não parecem acumular-se nos espaços periarteriais.
Essa distribuição zonal dos precursores medulares reflete as diferenças que existem na estrutura anatômica ou microambiente do órgão.
O microambiente da medula óssea é formado pelas células estromais, representadas basicamente por células que derivam do mesênquima ou tecido conjuntivo frouxo, que forma o reticulado tridimensional onde se alojam as células hematopoéticas.
A composição ou integridade anatomofuncional desse microambiente é essencial para proliferação e diferenciação normal das células do sangue.
As células estromais têm a capacidade de regular o ritmo de diferenciação das células pluripotentes hematopoéticas, protegendo-as, por assim dizer, de uma proliferação exagerada ou anômala. Esse mecanismo regulador se processa numa relação direta de célula a célula e envolve a produção e a liberação, por parte das células estromais, de fatores estimuladores e inibidores da hemopoese (CSFs).
Portanto, os precursores medulares são estimulados (ou inibidos) não só pelas linfocinas produzidas por mononucleares do sangue, como também pelos CSFs secretados por células do estroma.
Há tendência para se admitir que ocorram diferenças entre essas células estromais quanto à função secretora de substâncias estimuladoras ou inibidoras da diferenciação das células pluripotentes. As células estromais das regiões mais centrais (axial) produziriam, de preferência, substâncias estimuladoras da diferenciação celular. As células localizadas na região subendosteal não produziriam estímulo diferenciador, permitindo então que as células pluripotentes permaneçam com sua capacidade de proliferar sempre com as mesmas características de pluripotencialidade e indiferenciação.
Agentes reconhecidamente tóxicos, como benzeno, o busulfan ou ciclofosfamida, provocam alterações da hemopoese por lesarem não só a célula pluripotente, mas também o microambiente medular.
A íntima relação entre precursores medulares e células estromais normais é, pois, condição essencial para a hemopoese normal.
Em certos estados patológicos, nos quais há alteração dessa anatomia normal, a proliferação/maturação das células sanguíneas se altera, podendo ser a causa de uma condição de pré-leucemia ou de leucemia.

BIBLIOGRAFIA

LORENZI, Therezinha F; Manual de Hematologia propedêutica e clínica. 4ª Edição. Pgs: 30 e 31. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2006.
Acadêmica: Karen Quevedo

sexta-feira, 18 de março de 2011

NECROSE

A necrose se refere ao espectro de alterações morfológicas que ocorrem após a morte celular em um tecido vivo resultando, em grande parte, da ação progressiva de enzimas nas células que sofreram uma lesão letal (as células fixadas imediatamente estão mortas, mas não necróticas). Rotineiramente, a necrose é o correspondente macroscópico e histológico da morte celular que ocorre devido a uma lesão exógena irreversível. As células necróticas são incapazes de manter a integridade das membranas e seu conteúdo geralmente extravasa. Isso pode causar inflamação no tecido adjacente.
A aparência morfológica da necrose resulta da desnaturação das proteínas intracelulares e da digestão enzimática da célula. As enzimas se originam ou dos lisossomos das próprias células mortas e, neste caso, é denominada de autólise, ou e lisossomos de leucócitos que migram para a região durante o processo inflamatório. São necessárias várias horas para que esses processos se desenvolvam e, assim, não haveria alterações detectáveis nas células se, por exemplo, um infarto do miocárdio causasse morte súbita. A única evidência poderia ser a oclusão da artéria coronariana. A evidência histológica inicial da necrose do miocárdio só se manifesta depois de 4 a 12 horas, mas enzimas e proteínas cardíacas específicas liberadas pelo músculo necrótico podem ser detectadas no sangue até 2 horas após a morte da célula miocárdica.

MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO OU TIPOS DE NECROSE
Morfologia: As células necróticas apresentam um aumento da eosinofilia atribuível, em parte, à perda da basofilia normal causada pelo RNA do citoplasma e, em parte, ao aumento da ligação da eosina às proteínas citoplasmáticas desnaturadas. A célula necrótica pode ter uma aparência vítrea mais homogênea do que as células normais, principalmente devido à perda dos grânulos de glicogênio. Depois que as enzimas digerirem as organelas citoplasmáticas, o citoplasma apresenta vacúolos e um aspecto corroído. Finalmente, pode ocorrer calcificação da célula morta. As células mortas podem, eventualmente, ser substituídas por grandes massas de fosfolipídios, chamadas de figuras de mielina. Esses precipitados de fosfolipídios são geralmente fagocitados por outras células ou são posteriormente degradados em ácidos graxos; a calcificação de tais resíduos de ácidos graxos resulta na saponificação.
Classificação: a necrose apresenta massas de células necróticas que pode apresentar padrões morfológicos diversos. Quando a desnaturação é o padrão, se desenvolve a necrose de coagulação. Quando predomina a digestão enzimática, o resultado é a necrose de liquefação; em circunstâncias especiais, pode ocorrer a necrose caseosa ou a necrose gordurosa.
A necrose de coagulação implica a preservação do contorno básico da célula por pelo menos alguns dias. Os tecidos afetados apresentam textura firme. Presumivelmente, a lesão ou aumento subseqüente da acidose intracelular desnatura não somente as proteínas estruturais, mas também as enzimas, bloqueando, assim, a proteólise celular. O processo de necrose de coagulação, com preservação da arquitetura geral do tecido, é característico da morte por hipóxia (diminuição do fornecimento de oxigênio a célula) das células de todos os tecidos, exceto do cérebro.
A necrose de liquefação é característica de infecções bacterianas focais ou, ocasionalmente, fúngicas, pois os microrganismos estimulam o acúmulo de células inflamatórias. Por razões que desconhecemos a morte celular do sistema nervoso central por hipóxia geralmente leva à necrose de liquefação. Independentemente da patogenia, a liquefação digere completamente as células mortas. O resultado final é a transformação do tecido em uma massa viscosa. Se o processo foi iniciado por uma inflamação aguda, o material geralmente é amarelo cremoso devido à presença de leucócitos mortos, sendo chamado de pus.
A necrose caseosa, uma forma distinta de necrose de coagulação, é encontrada mais frequentemente em focos de tuberculose. O termo caseoso é derivado da aparência macroscópica semelhante a queijo branco da área da necrose. Ao exame microscópico, o foco necrótico se parece com fragmentos granulosos amorfos, aparentemente compostos de células coagulantes fragmentadas, e fragmentos granulares cercados por uma borda inflamatória distinta chamada reação granulomatosa. Ao contrario da necrose de coagulação, a arquitetura tecidual está completamente destruída.
A necrose gordurosa é um termo bem aceito no meio médico, mas ma realidade não identifica um padrão específico de necrose. Na realidade, ele descreve áreas de destruição de gordura que ocorre tipicamente como resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas no parênquima pancreático e na cavidade peritonial.


BIBLIOGRAFIA
KUMAR, Vinay [et al]; Robbins e Cotran: Bases Patológicas das Doenças. Pgs 21, 22, 23. 7ª Edição. Elsevier. Rio de janeiro, 2005.
Acadêmica:Karen Quevedo

quinta-feira, 17 de março de 2011

HEMOPOESE (HEMATOPOESE)

A palavra Hemopoese significa formação das células do sangue. Abrange o estudo de todos os fenômenos relacionados com a origem e com a multiplicação e a maturação das células sanguíneas, ao nível da medula óssea. As células precursoras estão em grande atividade proliferativa e maturativa, garantindo a manutenção do número de células maduras na circulação.

1. Origem das células sanguíneas
A porção celular do sangue é composta de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Constituem três linhagens ou séries diferentes de células, que se originam, de uma célula-mãe única, denominada célula pluripotente, totipotente, stem-cell ou célula-tronco.
A célula indiferenciada mielóide também denominada CFU-GEMM, indicando sua capacidade de diferenciação para as linhagens granulocíticas, eritrocitárias, monocitária e megacariocitária. A célula indiferenciada linfóide origina os linfócitos tipo T e os linfócitos B, produzidos também na medula óssea.
Tanto a célula indiferenciada mielóide como a linfóide se diferenciam das stem-cells por sua capacidade de auto-renovação. A auto-renovação é principal característica das células pluripotentes.
Todas as células indiferenciadas pluripotentes têm sua origem no embrião no saco vitelino. A partir do saco vitelino, essas células caem na circulação embrionária e se fixam em locais do embrião, e depois do feto, onde há rede vascular muito rica. Dentre esses locais estão o baço, o fígado e posteriormente, a medula óssea.
O órgão central hemoformador das células do sangue é a medula óssea. Aí se localizam as células pluripotentes que estão em constantemente produzindo células adultas para serem lançadas na periferia.
A medula óssea se situa nos ossos esponjosos do adulto: esterno, ossos ilíacos e costelas. Em conjunto, forma um órgão de grande porte, maior do que o fígado, com peso de aproximadamente de 1.500g.
No período pré-natal e os nascimento, existe medula óssea formadora de células sanguíneas em quase todos os ossos. Por isso, pode-se colher material para estudo da medula óssea no terço superior da tíbia, por exemplo, em crianças recém-nascidas com até 6 meses de idade.
Essa medula funcionante, produtora de células, é muito vascularizada. Tem, então, cor vermelha-escura (medula vermelha). À medida que deixa de ser ativa, torna-se amarela, rica em células gordurosas (medula amarela). A medula óssea tem uma estrutura anatômica muito especial que permite a proliferação ou multiplicação das células pluripotentes e, ao mesmo tempo, a diferenciação destas.
Para que esses fatos ocorram, há necessidade de um parênquima de sustentação para tais células, que deve ser muito rico em sangue. Neste parênquima existem vasos sinusoidais numerosos e vários tipos de células denominadas de células estromais. Há também vasos maiores de tipo venoso e arterial, fibrilas nervosas e fibras reticulares de permeio às trabéculas de tecido ósseo esponjoso.
Em conjunto, essa disposição anatômica forma o que se denomina microambiente medular ou estroma medular. Quando esse microambiente está alterado, modifica-se também a formação normal das células do sangue.

2. Períodos da Hemopoese
As primeiras células sanguíneas surgem no período embrionário, por volta da sétima ou oitava semana de vida. Daí até o quarto mês, a formação das células se faz em agrupamentos de células redondas localizadas no saco vitelino. É o período embrionário da hemopoese. Do quarto ao sexto mês de vida fetal, as células do sangue são formadas no baço e no fígado, e a partir de então, esta passa a ser feita na porção esponjosa dos ossos.
As células embrionárias ou stem-cells emigram do saco vitelino para o fígado e daí para a medula óssea.
A hemopoese fetal inicia-se no fígado por volta do 42º dia, também do tipo eritróide, com células que sintetizam cadeias globínicas alfa e gama. As outras linhagens hematopoéticas, granulócitos e megacariócitos aparecem mais tardiamente, podendo as células ser cultivadas a partir de fígado fetal.
Admite-se que as células que possuem atividade hemoformadora, as pluripotentes, que se formam inicialmente no saco vitelino, sejam capazes de, uma vez levadas pela corrente circulatória, aninhar-se em locais distantes, onde a disposição anatômica vascular e os elementos celulares de sustentação formem o microambiente, onde o tecido hemopoético prolifera e amadurece.

BIBLIOGRAFIA
LORENZI, Therezinha F; Manual de Hematologia propedêutica e clínica. 4ª Edição. Pgs: 6 e 7. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2006.

Acadêmica: Karen Quevedo


quarta-feira, 16 de março de 2011

MÉTODOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS SEM O USO DE CULTURAS

As tentativas de estimar o número total de bactérias, arqueobactérias e vírus são frustrantes devido a dificuldades, tais como a detecção e recuperação do meio ambiente, ou o conhecimento incompleto de associações microbianas obrigatórias e o problema do conceito de espécie nestes grupos. Contudo, estimativas sugerem que o número de microrganismos não-cultiváveis excede grandemente o de organismos cultiváveis. Até recentemente, a identificação microbiana exigia o isolamento de culturas puras (ou, em alguns casos, de co-culturas definidas), seguido de testes para múltiplas características fisiológicas e bioquímicas. Os médicos já estão familiarizados com as doenças humanas associadas a microrganismos visíveis, porém não-cultiváveis. Na atualidade, os cientistas estão utilizando uma abordagem auxiliada pela PCR, utilizando o RNAr para a identificação de microrganismos patogênicos in situ.
A primeira fase dessa abordagem envolve a extração do DNA de uma amostra apropriada, o uso de técnicas moleculares padronizadas para obter uma biblioteca de clones, a recuperação da informação de sequências do DNAr e a análise comparativa das sequências recuperadas. Todos esses dados fornecem informações sobre a identidade ou relação das sequências em comparação com a base de dados disponíveis. Na segunda fase, a prova de que as sequências provêm de células da amostra original é obtida por hibridização in situ, utilizando sondas específicas para sequências.
Essa abordagem vem sendo utilizada na identificação de microrganismos patogênicos. Por exemplo, um actinomiceto previamente não-caracterizado foi identificado como a bactéria em forma de bastonete associado à doença de Whipple, para a qual foi proposto o nome de Tropheryma whipplei. A abordagem com o RNAr também foi utilizada para identificar o agente etiológico da angiomatose bacilar como Bartonella henselae e mostrar que o patógeno oportunista, Pneumocystis jiroveci, é um fungo.

BIBLIOGRAFIA

BROOKS, Geo F. [et.al]; Microbiologia médica. 24ª Edição. Págs 49 e 50. Editora Mc Graw Hill. Rio de Janeiro,2009.
Acadêmica: Karen Quevedo

terça-feira, 15 de março de 2011

MÉTODOS ÓPTICOS

1. MICROSCÓPIO DE CAMPO LUMINOSO (MICROSCÓPIO ÓPTICO COMUM)
O microscópio de campo luminoso é mais o empregado em microbiologia de rotina, constituindo em duas séries de lentes (objetiva e ocular), que funcionam em conjunto na resolução de imagens. Estes microscópios geralmente empregam uma objetiva com o poder de aumento de 100 vezes, com uma ocular de aumento de 10 vezes, aumentando a amostra 1.00 vezes. Por conseguinte, as partículas com 0,2 μm de diâmetro são ampliadas até cerca de 0,2 mm, tornando-se nitidamente visíveis. A ampliação adicional não proporciona maior resolução doa detalhe, reduzindo a área visível (campo).
Com este microscópio, as amostras são visualizadas devido à diferença de contraste entre elas e o meio ao redor. Muitas bactérias são difíceis de visualizar devido à perda de contraste com o meio. Corantes podem ser usados para corara células ou organelas e aumentar seu contraste de modo a tornar mais fácil a visualização em microscopia de campo luminoso.

2. MICROSCÓPIO DE CONTRASTE DE FASE
O microscópio de contraste de fase foi desenvolvido para aumentar as diferenças de contraste entre células e o meio ao redor, possibilitando ver células vivas sem corá-las; com microscópio de campo luminoso, preparações que coram e matam a célula precisam ser empregadas.
O microscópio de contraste de fase tem como vantagem o fato de que as ondas de luz passam através de objetos transparentes, tais como as células, aparecendo em diferentes fases, dependendo das propriedades dos materiais através dos quais elas passam. Este efeito é ampliado por um anel especial de lentes da objetivas do microscópio de contraste de fase, o que leva à formação de imagem escura em forma de luz de fundo.

3. MICROSCÓPIO DE CAMPO ESCURO
O microscópio de campo escuro é um microscópio óptico no qual o sistema de iluminação foi modificado para atingir somente os lados da amostra, o que é obtido pelo uso de um condensador especial que bloqueia tanto os raios da luz direta quanto a luz refletida para o exterior através de um espelho posicionado ao lado do condensador em ângulo oblíquo, criando um “campo escuro” que contrasta contra a borda sombreada das amostras, surgindo quando os raios oblíquos são refletidos a partir das bordas da amostra em direção ascendente à objetiva do microscópio. A resolução obtida por um microscópio de campo escuro é bastante elevada. Assim, essa técnica foi particularmente valiosa na observação de certos organismos, como o Treponema pallidum, um espiroqueta com menos de 0,2 μm de diâmetro e que não pode ser observado em microscópio óptico convencional ou de contraste de fase.

4. MICROSCÓPIO DE FLUORESCÊNCIA
O Microscópio de fluorescência é utilizado para visualizar amostras que fluorescem, que é a habilidade de absorver a luz em comprimentos de ondas curtos (ultravioleta) e não brilhar em comprimentos de onda mais longos (luz visível). Alguns organismos fluorescem naturalmente devido à presença de substancias fluorescentes, chamadas de fluorocromos. O microscópio de fluorescência é amplamente utilizado em diagnósticos de microbiologia clínica. Por exemplo, o fluorocromo auramina O, que dá um brilho amarelo quando exposto à luz ultravioleta.
O principal uso da microscopia de fluorescência é na técnica de diagnóstico chamada de imunofluorescência. Nessa técnica, anticorpos específicos (por exemplo: anticorpos contra a Legionella pneumophila) são marcados quimicamente com fluorocromo, como o isotiocianato de fluoresceína. Em seguida, tais anticorpos fluorescentes são adicionados a uma lâmina de microscópio que contém a amostra clínica. Se amostra contém algum L. pneumophila, o anticorpo fluorescente se liga aos antígenos de superfície da bactéria, produzindo fluorescência quando exposto à luz ultravioleta.

5. MICROSCÓPIO DE INTERFERÊNCIA DIFERENCIAL DE CONTRASTE (DIC)
Os microscópios de interferência diferencial de contraste utilizam um polarizador para produzir luz polarizada. Os feixes de luz polarizada passam através de um prisma que vai gerar dois tipos distintos de feixes simples. Devido às ligeiras diferenças do índice de refração das substâncias para cada feixe que passa por elas, os feixes combinados não ficam totalmente na mesma fase; em vez disso, criam um efeito de interferência que intensifica as sutis diferenças na estrutura celular. Estruturas, como esporos, vacúolos e grânulos, aparecem em forma tridimensional. A microscopia da DIC é particularmente útil para a observação das células não coradas devido à sua habilidade de gerar imagens que revelam estruturas celulares internas, menos aparentes pelas técnicas de microscopia óptica.

6. MICROSCÓPIO ELETRÔNICO
O alto poder de resolução do microscópio eletrônico permitiu aos cientistas a visualização e o detalhamento de estruturas das células procarióticas e eucarióticas. A resolução superior do microscópio eletrônico deve-se ao fato de elétrons terem um comprimento de onda muito mais curto que os fótons de luz branca.
Existem dois tipos de microscópio eletrônico em uso feral: microscópio eletrônico de transmissão (MET) que tem muitas características em comum com o microscópio óptico, e o microscópio eletrônico de varredura (MEV), o primeiro a ser desenvolvido, e que empregada um feixe de elétrons emitido de um canhão e direcionado ou focalizado por um condensador eletromagnético sobre uma amostra delgada. À medida que os elétrons incidem na amostra, são dispersos diferencialmente de acordo com o número e a massa de átomos na amostra; alguns elétrons atravessam a amostra, sendo reunidos e focalizados por uma lente objetiva eletromagnética que fornece uma imagem da amostra a sistema de lentes protetoras para maior ampliação. A imagem é visualizada ao incidir em uma tela que fluoresce com a incidência dos elétrons; pode ser registrada em filme fotográfico. O MET tem uma capacidade de resolução de 0,001 μm para partículas distantes. Os vírus, com diâmetro de 0,01 a 0,2 μm, podem sem facilmente observados.
Em geral, o MEV tem menor poder de resolução do que o MER, mas particularmente útil ao fornecer imagens tridimensionais da superfície dos materiais microscópicos. Os elétrons são focados através de lentes em um ponto muito fino. A interação dos elétrons com a amostra resulta na liberação de diferentes formas de radiação da superfície do material, que podem ser capturadas por um detector apropriado, ampliadas e, a seguir, apresentadas na forma de imagem em microscopia na tela de uma televisão.

7. MICROSCÓPIO DE VARREDURA CONFOCAL A LASER
O microscópio de varredura confocal a laser (MVCL) acopla uma fonte de raio laser à luz do microscópio. Na microscopia de varredura confocal a laser, um feixe de laser é espalhado contra um espelho que o direciona através de um orifício que ajusta precisamente o plano de foco do feixe a uma camada vertical no interior da amostra. Pela iluminação precisa de um único plano da amostra, a intensidade de iluminação cai rapidamente acima e abaixo do plano de foco, e a luz se perde para outros planos de focos, minimizados. Assim, em uma amostra relativamente espessa, varias camadas podem ser observadas ajustando o plano de foco da luz a laser.
Certas células são frequentemente coradas com corantes fluorescentes para torná-las mais visíveis. Alternativamente, imagens com falsas cores podem ser geradas pelo ajuste do microscópio de modo a fazer com que diferentes camadas apresentam diferentes colorações. Os MVCL são equipados com um programa de computador para juntar imagens digitais e processá-las posteriormente. Assim, as imagens obtidas da diferentes camadas podem ser armazenadas e superpostas digitalmente para reconstruir uma imagem tridimensional da amostra inteira.

BIBLIOGRAFIA

BROOKS, Geo F. [et.al]; Microbiologia médica. 24ª Edição. Págs 8,9 e 10. Editora Mc Graw Hill. Rio de Janeiro,2009.
Acadêmica: KAREN QUEVEDO
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